Monday, October 16, 2006

Parker

esquecer-me-ia, se pudesse, dos dias em que escutávamos Parker no quarto desabitado. das garrafas vazias, dos anéis de fumo branco, do cheiro da tua roupa. esquecer-me-ia, se pudesse, do quanto passavam devagar as horas nocturnas, do silêncio da casa fechada, da ausência das palavras. das grandes janelas, dos cortinados, do frio, da cama desfeita, … do desenho do teu corpo no lume brando da meia luz. dos gestos lentos e premeditados, quase cinematográficos, quando acendias um cigarro. se pudesse não me lembrar, esquecer-me-ia desses dias sem sol, sem nuvens, sem nada, virgulados apenas por Parker a rodar incessantemente a trinta e três rotações por minuto no velho gira discos.

No comments: